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terça-feira, 3 de junho de 2008

Saudade

Para você menininho, de quem eu muito tenho saudades

"Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade."
(Rubem Alves - Folha de S. Paulo- 12/10/03)

Eu tenho um sobrinho que não me chama de tia. Mas, certa vez, ganhei um que sim, me chamava de tia! Era um menino esperto, inteligentíssimo, com uma vontade de descobrir o mundo e toda a energia para fazê-lo. Era lindo vê-lo acordar de pijama pela casa com uma carinha de santo, quase tímido (se bem me lembro, era a única hora do dia em que tinha uma certa timidez). Essa é a imagem mais forte que tenho dele: sentadinho de pijama no batente da casa, coçando os olhinhos vendo a gente tomar café.

Já faz 6 anos que ele não está mais tão pertinho. Nesse tempo muita coisa aconteceu, ele ganhou muitos primos (!!!), mas nunca perdeu essa tia, que se pega chorando pelo canto do quarto sempre que a saudade aperta um pouco mais.

Ô menininho, ainda tenho muito o que aprender com você.

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