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sábado, 1 de dezembro de 2007

A telefonista na floresta predial

A moça que virou telefonista
Porque dizia alô como ninguém
Agora mora fora do ramal, sinal
Ocupada demais pra mim
Que sou apenas mais
Uma voz no seu ouvido
Um coração varrido
O que a gente sentiu
Não tem mais sentido

A moça que estudou pra jornalista
Perdida na floresta predial
Eu lembro ela chegou do interior de trem
Pra conhecer o carnaval
E acabou comigo
Frevando na avenida
Morando em minha vida
Me fez tatuar um coração no umbigo
Um anjo sendo fêmea,
Espécie quase gêmea
E hoje mal entende quando eu ligo

A moça foi a primeira da lista
Escolhida pelo anúncio de jornal
Agora tem convite pra beber champagne
E eu tomando sonrisal
Ela ligou de noite me pediu desculpa
Ninguém teve culpa
Aconteceu tão natural, amor de carnaval

Eu sinto coração bater no umbigo
Perdido na floresta predial

(Lula Queiroga)

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